Cineasta jequieense Dado Galvão premiado em São Paulo com o troféu ACNUR/ONU, Festival Permanente do Minuto.

Documentarista Dado Galvão com o troféu do Festival Permanente do Minuto/ACNUR 
(Agência da ONU para refugiados) no SESC/Vila Mariana em São Paulo. 

O mundo tem hoje mais de 60 milhões de pessoas deslocadas de forma forçada. No Brasil, atualmente vivem cerca de 9 mil refugiados e conscientizar a população sobre essa realidade é um desafio no processo de integração no país. E com esse intuito, o Festival do Minuto e o Alto Comissariado das Nações Unidas (ACNUR) promoveram no Sesc Vila Mariana, em São Paulo, a exibição um concurso de vídeos, que recebeu aproximadamente duzentos curtas de todo o mundo sobre o tema – e com o desafio de tratar da temática em até um minuto.

Os vídeos premiados foram anunciados neste sábado (18) num evento marcado pelas vozes de refugiados. Na abertura, as crianças do projeto Coração Jolie, da IKMR – Eu Conheço Meus Direitos, apresentaram clássicos da música brasileira – como Aquarela, Azul da Cor do Mar e Vamos Construir – resignificando o tema do refúgio. Já no encerramento, com músicas em Lingala e português, os músicos de Angola e da República Democrática do Congo que integram o grupo “Os Escolhidos” também apresentaram um pouco de sua arte e contagiaram os presentes.

A assessora de proteção do ACNUR em São Paulo, Isabela Mazão, lembra que o Dia Mundial do Refugiado, lembrado no dia 20 de junho e instituído pela ONU no ano 2000, é uma data para conscientizar o mundo sobre a situação das pessoas deslocadas no mundo e refletir sobre formas de integração. “No Brasil, todos os anos fazemos eventos para sensibilizar a sociedade. Neste ano, tivemos a oportunidade de fazer essa parceria com o Festival do Minuto e foi incrível, uma maneira nova de mobilizar públicos diferentes sobre essa causa, com vídeos enviados por pessoas do mundo inteiro. Essa é mais uma ferramenta para sensibilizar as pessoas sobre a causa do refúgio”. 

O cineasta e curador do Festival do Minuto, Marcelo Masagão, também falou sobre a parceria com o ACNUR e destacou a necessidade de pensar no refúgio de forma expandida, refletindo sobre as dificuldades que as pessoas vivenciam no processo de integração, para que os refugiados possam ter seus direitos garantidos. 

Entre os 22 finalistas exibidos no festival, apareciam mensagens de reflexão e de incentivo à ação sobre a temática do refúgio, como “Vidas Refugiadas”, de Gabriela Cunha Ferraz, “Amanhã precisa ser melhor”, de Rafaela Carvalho, e “Ninguém fica de fora”, de Dado Galvão – este último, um dos vencedores do Festival do Minuto (melhor vídeo ACNUR). Presente na cerimônia, Dado contou que no processo de produção do vídeo, gravado na feira de Jequié, município da Bahia, que tem cerca de 170 mil habitantes, ao mostrar fotos dos refugiados ao redor do mundo, convidava as pessoas a refletirem sobre a questão. “As mesmas lonas da feira livre de Jequié são usadas para abrigar refugiados pelo mundo”, lembrou.



Para o diretor da CASP, padre Marcelo Monge, o número de deslocamentos forçados no mundo mostra que pouco tem sido feito para que as pessoas não sejam obrigadas a deixar seus países. A instituição tem trabalhado para buscar formas de integrar os refugiados na sociedade e, nesse sentido, destacou a importância da sensibilização feita por meio do festival. “Ações como essa servem muito mais para nós, nacionais, para que nos sensibilizemos e assim possamos abrir nossas portas”. 

O recém-nomeado Secretário Nacional de Justiça e novo presidente do Comitê Nacional para Refugiados, Gustavo Marroni, também participou do evento e se comprometeu a manter as políticas para refugiados existentes no país. 

Por Géssica Brandino - Caminhos do Refugio